O mundo é recheado de imagens, signos, símbolos, sinais e índices de toda ordem e intenção. Um livro ilustrado contém esse código e dá ao jovem leitor uma oportunidade de jogar o jogo, tão importante quanto brincar.

O ilustrador Ilvan Filho ensina a desenhar os personagens dos seus livros. Em tempos de pandemia ele está ensinando a desenhar em vídeo. As atividades com desenho estão agora sendo realizadas de forma remota.

Por conta do ensino à distância decorrente da Covid 19 a equipe da Muqueca Editorial está inventando moda para participar das aulas virtuais. Uma das ações é a contação de história.

O instrumento principal e o ponto de partida é o compartilhamento do texto da história de literatura infantil. A partir desse momento, as crianças são convocadas a um diálogo com o mediador da leitura/oficineiro. São trabalhadas estratégias de leitura com livro infantil – conexões, inferências, conhecimentos prévios, visualização, síntese e sinopse.

Também são abertas oportunidades de participação das crianças, em diálogos de compartilhamento, expressão de releitura em desenhos, e reescritas. Nas oficinas de leitura, as crianças aprendem a fazer conexões entre o livro, o seu cotidiano e o contexto. Essa é uma conquista crucial, pois ao aprenderem a fazer as conexões, elas não param mais e é quando a leitura possibilita ao indivíduo a constituir-se pela prática literária – ocorre a constituição do sujeito pela literatura.

É natural, espontâneo e tem uma durabilidade infinitamente maior do que o uso utilitário e mecânico das obras de literatura infantil na escola.

A Muqueca Editorial aprecia compartilhar suas criações, primeiramente, com as escolas. Cada livro novo tem pré-lançamento nas escolas, com momentos de autógrafo, com desenvolvimento de atividades. Em que o autor tira fotos e autografa seus livros para os pequenos leitores.

A ilustração em livros infantis é muito importante para dar à criança a dimensão da cena, daquilo que foi imaginado pelo autor. Há quem diga, também, que por haver ilustração, o imaginário da criança pode ser frustrado – o que é evidenciado pela frase: não foi bem assim que eu imaginei…

Para evitar essa frustração o mediador de leitura deve apresentar o livro às crianças somente após compartilhar o texto verbal e trabalhá-lo, por meio de conhecimentos prévios, conexões e inferências, ou seja, até que a criança faça um percurso exploratório do texto escrito.

Por meio da estratégia de leitura da visualização, é possível se explorar o texto não-verbal, ou seja, a ilustração, que deve acrescentar detalhes ao texto, continuando-o, dando outro ângulo à cena que foi descrita e, até mesmo, mostrando aspectos importantes que o próprio texto não diz, explica Ilvan Filho.